A sociologia e o processo de socialização Segundo Émile Durkheim e Max Weber



Nas duas aulas anteriores falamos sobre o processo de socialização, primeiro da importância deste processo, uma vez que só nos tornamos homens, no sentido mais amplo da palavra, é claro que aqui quando me refiro a homens estou falando da espécie, o que também engloba as mulheres, porque convivemos socialmente adquirindo capacidades que são próprias do convívio em sociedade como a fala, hábitos e regras sociais. Na nossa segunda aula deste bimestre aprendemos sobre o papel das instituições sociais, isto é da família, da escola, dentre outras instituições sociais que ajudam no processo de internalização dos indivíduos destas regras sociais.

Na aula de hoje vamos conhecer as ideias dos principais sociólogos da sociologia clássica sobre esta temática.

Émile Durkheim, nascido na França e viveu entre 1858 e 1917; Karl Marx, nascido na Alemanha , ou melhor na Prússia em 1818, tempo que a Alemanha ainda não era um país unificado e faleceu em 1853 em Londres na Inglaterra e Max Weber, nasceu na Alemanha em 1864, onde faleceu em 1920. Estes três sociólogos são consideramos os sociólogos clássicos, uma vez que foram eles que criaram as bases da sociologia e hoje vamos trabalhar com dois deles, Émile Durkheim e Marx Weber a respeito do processo de socialização.

Durkheim
A Sociologia de Durkheim, teoria sociológica clássica

Durkheim, considerado o pai da sociologia científica, uma vez que embora o termo sociologia foi criado pelo francês August Comte, foi Durkheim quem criou um método de investigação para a sociologia, dando assim a ela status de ciência.

Durkheim, assim como Comte foram muito influenciados pelas ciências naturais, isto é, pela química, física, biologia e astronomia que tinham como princípio descobrir as leis da natureza. Foi justamente por isso que tanto Durkheim como Comte, acreditavam, que assim como a natureza, a sociedade era um organismo vivo e que ao sociólogo caberia descobrir as leis que regiam a sociedade tal qual um biólogo descobre as leis da natureza, por exemplo, como se dá a circulação sanguínea ou como funciona o sistema reprodutivo.


Durkheim acreditava que a sociedade tem regras próprias de funcionamento, exatamente como um mecanismo  de uma máquina e que nós os indivíduos temos que nos adaptar a esta estrutura como uma peça numa engrenagem muito maior chamada sociedade e que para o bom funcionamento da sociedade teríamos obrigatoriamente que cumprir nossa função na sociedade. Por isso suas ideias ficaram conhecidas como funcionalismo

Para entender melhor este processo ele usa uma expressão chamada anomia, mas o que é anomia? Ele dá um exemplo comparando a sociedade a um corpo físico, onde isso fica mais claro.

Cada membro do nosso corpo tem uma função específica, por exemplo, a boca tem o papel de falar, o cérebro de pensar, o pé de andar, etc. Porém para que o corpo, como um todo, funcione bem, todos estes membros tem que funcionar bem também. Imagina se seu pé está machucado e você começa a mancar, logo sentira dor nas pernas, na coluna o que pode provocar uma dor de cabeça e desarmonizar todo o corpo.

Para Durkheim funciona da mesma forma, as instituições e os indivíduos tem um papel a ser cumprido na sociedade, quer eles queiram ou não, uma vez que se estes não cumprem este papel toda sociedade fica doente, de uma espécie de doença social, que o mesmo chama de anomia.

Por isso para Durkheim nós não somos livres, pelo contrário, a sociedade tem o poder de nos colocar no nosso lugar por um processo chamado coerção social, isto é, por exemplo, imagina que Tony chega  a um famoso restaurante nos Jardins, bairro de classe alta da cidade de São Paulo e decide comer com a mão e conversar alto enquanto come. Não vai demorar muito para ele começar a ser ridicularizado, isto é receber um tipo de punição que é a coerção social.

Quando não nos encaixamos nas regras sociais, isto é, naquelas regras que adquirimos naquele processo de socialização ao qual já falamos somos punidos, isto porque para Durkheim não somos livres, existe um peso, uma pressão social sobre todos nós.

Max Weber: biografia, obras e teorias na sociologia - Toda Matéria
Max Weber

 Já Max weber, embora compreendesse que existe sim uma pressão social e que somos sim influenciados pela sociedade, temos sim alguma possibilidade de influenciar também e temos também algum nível de liberdade, pois as pessoas se comportam a partir de características próprias, que tem relação com a sua vivência no mundo, o ambiente cultural onde vive, além de outras características pessoais.

Weber não enxerga uma liberdade absoluta, mas enxerga sim possibilidades, por exemplo, vestir roupas no ambiente público é uma obrigação social, no entanto sobre qual tipo de  roupa que vamos vestir, a cor e o estilo dela,  é nossa escolha.

Existem muitas formas de agir, porém existem características gerais de comportamento as quais um indivíduo se aproxima mais e a este tipo de ação ele chama de tipos ideias. 

A ação social, é uma ação que o individuo faz com relação aos outros. Para facilitar a classificação desta ação ele criou os tipos ideias. 

Os tipos ideias são sobretudo uma generalização na tentativa de tentar compreender os tipos de ação humana e Weber deixa claro que na vida real não existe um tipo puro, onde uma pessoa se encaixa exatamente um tipo de ação social, as vezes uma única pessoa tem características de mais de um tipo de ação, no entanto, esta classificação tem o objetivo de facilitar a análise da ação social.  

Weber fala de quatro tipos ideias, eles são:

1) Ação racional voltada a fins
É sobretudo, uma pessoa que age racionalmente          para alcançar um fim. 
    
    Exemplo: Alexandre quer ser aprovado em medicina, para tal decide além de estudar durante o ensino médio na escola também faz um cursinho, revisa as matérias em casa e organiza um calendário de estudos a fim de alcançar racionalmente seu objetivo que é passar em medicina.

2) Ação Racional voltada a valores
É sobretudo alguém que tem um valor, acredita em     algo e age racionalmente não para alcançar                um objetivo, mas para defender um valor.

    Exemplo: Luisa sempre foi muito religiosa, ela de coração sempre acreditou que a fé é um valor, por conta disso ela decidiu ler a Bíblia todos os dias, servir em sua igreja na Escola Dominical e embora isso não traga uma recompensa imediata, ela o faz racionalmente, pois sempre busca por melhores argumentos, prepara sua aula com muito empenho, estudando e se preparando para tal.

3) Ação Emocional
É um tipo de ação que a pessoa age pela emoção e não pela razão.

Exemplo: 
Adriana sempre ouviu que seu namorado não era fiel, no entanto, embora ela ficasse sempre muito chateada com isso e decidisse romper com ele, toda vez que ele chegava ele falava que a amava, dizia que ela era a mulher da vida dele e logo ela se deixava levar pela emoção, embora todas as evidências mostrassem o contrário ou uma mãe que ao discutir com a filha se deixa tomar pela raiva, isto é, um tipo de emoção, gritando, e chorando, mas sem conversar e agir racionalmente.

4) Ação tradicional
É um tipo de ação que a pessoa age apenas pelo costume, pela tradição, isto é, porque na minha cidade é assim, porque na minha família faz assim, etc.

Exemplo:
Uma vez no ônibus numa cidade pequena percebi que quando o ônibus passava em frente de uma Igreja ou de um cemitério as pessoas faziam o sinal da cruz automaticamente e tão rápido que me causou um certo espanto; outro exemplo, no interior do Rio Grande do Sul, durante o dia da revolução farroupilha, feriado estadual,  muitas famílias fazem churrasco e se vestem de roupas tradicionais a gerações.

Slides desta aula, disponíveis no link


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