A interação social - Aula de socialogia para os primeiros anos



Na aula de hoje vamos trabalhar com a habilidade: Compreender as dinâmicas de interação social

Mas o que é interação social?

Viver em sociedade só é possível porque temos a capacidade de interagir com os outros, processo este que podemos chamar de sociabilidade ou de interação social.

Já falamos nas aulas anteriores que só nos tornamos seres humanos completos, devido ao processo de socialização, isto é, a família, a escola entre outras instituições sociais tem um papel de  ajudar neste processo de internalização das regras sociais.

Hoje vamos compreender que as relações entre homens e homens se dá pelos contatos sociais. Os contato sociais,  podem ser divididos em dois tipos, eles são:

1) Contato social primário
2) Contato social secundário

Contato social primário
É o contato social  que  acontece por meio da emoção e  da afetividade.
Exemplos de contatos sociais primários: São aqueles que acontecem com a os familiares, com a vizinhança, e com os amigos, etc.

Você encontra com um amigo e bate aquele papo com ele, fala das novidades, chama sua vizinha de dona Maria e sempre diz bom dia, boa tarde e dá aquele sorriso, ou tem aquele respeito por seus pais, estes são  exemplos de contatos sociais primários que são permeados por emoção e afetividade.

Contato social secundário
Se dá de forma impessoal ou em outras palavras, sem a mesma carga de emoção, por exemplo, quando você viaja e tem contato com o cobrador, quando um oficial de justiça vai a sua casa ou quando um atendente de telemarketing te liga. Não há uma relação próxima, apenas uma relação necessária, afinal você não é amigo de todo atendente de telemarketing ou dos vendedores de de rua, etc.

A socialização secundária acontece mais frequentemente na sociedade moderna e especialmente nas cidades. 

George Simmel, sociólogo alemão que viveu no mesmo período histórico de Durkheim e chama a atenção para a existência de dois universos, isto é, a vida na cidade pequena, onde há mais proximidade entre as pessoas, e a vida na cidade grande.

Em 2009 morei numa pequena cidade do interior de São Paulo, chamada Arealva, com cerca de 8 mil habitantes. Percebia que ao sair para trabalhar de manhã, as pessoas quase que sem exceção, me cumprimentavam  dizendo "dia" e que entre os moradores mais antigos da cidade quase todos se conheciam, e que os jovens gostavam de ficar na praça a noite conversando e é claro, que todos sabiam um pouco da vida de todo mundo lá.
Isto ocorre porque a vida anda em um passo mais lento na  cidade pequena, há um tempo para criação de hábitos, de costumes, de observar os outros e até de falar sobre o outros. Simmel diz que as relações são mais cordiais, isto é, elas vem do coração e são carregadas de sentimentos.

No entanto Simmel também chama a atenção que nas grandes cidades este tipo de relação mais próxima não se dá da mesma forma.
Uma vez em pleno centro de São Paulo vi alguém  morto na rua e percebi que as pessoas mal tinham tempo pra ver, só continuavam seu caminho e alguns apressados quase que passavam por cima do morto . Num outro momento, no centro do Rio, vi que enquanto uma agência de banco era assaltada as pessoas tentavam forçar a porta para entrar como se não houvesse pessoas armadas lá dentro.

isso acontece, segundo George Simmel, por que o ritmo da cidade é rápido, temos muito acesso a informação e pouco tempo para assimilar toda esta gama de informação, sempre andamos com pressa, o que faz que as relações se deem cada vez mais de forma impessoal, isto é, ao invés de refletir e agir pela emoção, as pessoas usam o intelecto, a razão o que gera um afastamento entre as pessoas.

Um exemplo disso são pessoas que moram em grandes condomínios de apartamentos, mas que não conhecem o seu vizinho da frente, logo as relações deixam de ser relacionadas aos grupos e passam a ser cada vez mais individuais, deixam de ser baseadas na emoção e passam a ser baseadas na razão objetiva.

Há uma relação de desenraizamento, uma vez que estas pessoas já estão acostumadas a ver tudo passar muito rápido, além disso, na cidade grande é o dinheiro que importa, isto é, as relações deixam de ser mediadas pela afetividade e pela tradição e passam a ser mediadas pelo dinheiro. Troca-se calculando, utilizando a razão com o objetivo certeiro, diferente das cidades pequenas, onde as trocas podem relacionar interpessoalidade e economia.
Esta visão da cidade ser o lugar onde o dinheiro vale mais que a emoção e que no campo tem outra relação um pouco mais humana fica clara em duas músicas, das quais selecionei um pequeno pedaço.



Atitude blasé
Simmel chama de atitude blasé, algo que parece um certo tom acinzentado, isto é, por viver na cidade grande o homem a todo momento é chamado a responder estímulos, problemas, a refletir e acaba perdendo a capacidade de refletir sobre todos estes problemas, fazendo que aos poucos ele deixe de enxergar as coisas como elas são em toda a sua subjetividade e passe a enxergar apenas superficialmente, como se tudo fosse apenas um cinza blasé.

Por exemplo: Já viu as pessoas dizerem tanto faz como tanto fez, isto ocorre porque  há um esgotamento tão grande, pois as pessoas sempre chamadas a ação, a reflexão que elas ficam exaustas e decidem agir somente por agir sem se quer refletir de forma mais profunda sobre sua ação.

Uniformização

Já que as pessoas não conseguem mais perceber a diferença, elas começam uniformizar as coisas, isto é, a cultura é uma cultura objetiva e não objetiva  (que  deixa de ser uma cultura baseada no gosto pessoal e na história dos indivíduos e passa a ser uma cultura ligada apenas naquilo que a maioria das pessoas gostam) e para fugir deste processo de uniformização e individualização  só basta ao indivíduo a extravagância que nada mais é que uma forma de se sobressair em meio a invisibilidade social da vida moderna. 

Por conta disso, para se sobressair as pessoas que vão para o Facebook ou youtube vestidos de forma esquisita ou coisa assim.

Outro sociólogo importante para entender a interação social é Talcott Parsons
sociólogo norte americano preocupado em criar uma teoria da relação social.

A ação social é qualquer conduta humana motivada e inspirada pelos significados que o ator descobre no mundo exterior, significados que levam em consideração e aos quais respondem.

Em outras palavras, por que os indivíduos, isto é, cada um de nós agimos assim ou assado?

Observe que ao invés de utilizar a palavras indivíduo, ele usa a palavra ator social, mas por que será?

Você já percebeu que nós não agimos em todos os lugares da mesma forma? Por exemplo, em casa sou pai e tenho uma determinada ação com meus dois filhos que se referencia naquilo que eu acredito que é a ação ideal de um pai, no entanto, com a minha esposa a ação já muda, uma vez que meu papel é de marido, enquanto na escola tenho que agir como professor e na Igreja como membro, logo em cada ambiente minha ação muda. É como uma única pessoa atuar em papéis sociais bem distintos. 

Outra coisa importante, que só podemos atuar, isto é agir socialmente frente a um outro levando em conta aquilo que o outro espera de nós o que acaba por influenciar nossa própria ação social. Por exemplo, vou usar uma experiência pessoal para descrever isso:
Quando eu ainda era muito jovem eu era muito tímido, isso de certa forma me inibia a paquerar as garotas, porém um certo dia, quando trabalhava numa agência de empregos no centro do Rio vi uma garota que estava estagiando lá naquela semana, ler os jornais e cheguei perto dela, vi o que ela estava lendo, vi que era o caderno de cultura na página sobre filmes, daí puxei assunto com ela e perguntei se ela já tinha assistido Carandiru, que era a grande estréia da semana e após algum tempo de conversa a convidei para assistir comigo aquele filme e ela acabou aceitando.
Observe que tentei antes de convida-lá tentei entender do que ela gostava, conversei a este respeito e me posicionei segundo sua preferência e não é assim que fazemos quando paqueramos alguém? ou se quando procuramos um emprego, ao  tentar nos enquadrar no perfil daquele empregador?

Resumo da aula de hoje

  • Falamos sobre o que é interação social, isto é, a forma de interação entre homens e homens em sociedade
  • Falamos sobre dois tipos de contatos sociais, eles são os  contatos sociais primários e secundários e que os primários são carregados de emoção e proximidade , enquanto os segundos de razão e objetividade.
  • Conhecemos as ideias do sociólogo alemão George Simmel:
  • Segundo Simmel a vida na cidade pela quantidade exagerada de informação faz com que as pessoas prestem menos atenção nas coisas, que as façam racionalmente fazer escolhas e sejam mais afastadas das outras e que o dinheiro tenha uma importância ainda maior, uma vez que por conta dele se esqueçam dos costumes e  dos laços de proximidade.
  • O mesmo Simmel chama a atenção que nas cidades pequenas e no campo pelas coisas acontecerem de forma mais lenta, as pessoas tem mais tempo para refletir e se aproximar uma das outras se permitindo assim agir pela emoção.
  • Aprendemos as ideias do sociólogo  Talcott Parsons;
  • Que ele nos chama de atores sociais, pois dependendo da situação na qual nos encontramos assumimos papéis sociais distintos;
  • Que nossa ação sempre leva em conta o que os outros esperam, de nós.






  





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A inserção nos grupos sociais

Lutas sociais no Brasil