Aula de revisão da importância das lutas populares - primeira atividade do terceiro bimestre para os terceiros anos

 



Esta é a primeira aula do terceiro bimestre para as turmas do terceiro ano regular e seu objetivo é rever aquilo que trabalhamos durante o segundo bimestre.


Começamos chamando a atenção para o que é poder e sua relação com as lutas populares.

O poder para a sociologia é a capacidade de alguém impor sua vontade sobre os outros, logo a dimensão do poder se faz muito importante para compreender as relações sociais, uma vez que há dentro das relações sociais há tanto relação de relações de domino  e dominação como relações de sujeição e submissão.


Outro ponto importante para analisar as lutas sociais é o Estado, mas o que é mesmo o Estado?

"A palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma organizacional cujo significado é de natureza política. É uma entidade com poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial delimitada."

Fonte: site https://www.significados.com.br/estado/


O Estado é detentor do  poder (tem poder), logo, ele é a única instituição que pode criar leis, e mesmo usar da violência de forma legítima (dentro da lei), como destaca o sociólogo Max Weber. O Estado pode até mesmo prender, julgar ou condenar alguém através da polícia, da poder judiciário ou de outras instituições que estão a seu serviço, e mais que isso, o Estado pode criar políticas sociais, monetárias, regras jurídicas, em suma, pode mudar a vida das pessoas,  tanto para o bem, o que deveria ser seu objetivo central, uma vez que ele surge na necessidade de se regular a vida em sociedade, como para o mal, por isso, é considerada a instituição mais poderosa.

As pessoas que querem se aproximar do poder buscam se aproximar também do Estado, seja de forma direta ao concorrer a um cargo político, ou ao se aproximarem dos políticos. Desta busca pelo poder que surge a corrupção, que nada mais é do que alguém que em prol de seus interesses pessoais oferece benefícios a um político, pois fazendo assim é como se ele pudesse tirar uma fração do poder do Estado em seu beneficio.

O sociólogo alemão Karl Marx, chama a atenção que aquelas pessoas que detém maior poder econômico conseguem se aproximar mais deste poder do Estado, uma vez que na segundo o próprio Marx, o Estado está a serviço destas classes mais abastadas. Embora possamos ou não concordar com Marx, eu mesmo como professor de sociologia não consigo enxergar uma sociedade sem Estado na sociedade moderna, que Marx deslumbrava, ao analisar o mundo ao meu redor percebo que as leis tem dois pesos e duas medidas, afinal, poderosos quando são pressos não ficam muito tempo, além disso, o local e as condições que estes pagam suas penas, o tratamento é diferente.


Vejamos o caso de Paulo Maluf, que além de político é um mega empresário, é de sua propriedade o grupo Eucatex, que faz Paulo Maluf, segundo a revista Forbes ( ver em  https://exame.com/brasil/5-politicos-mais-ricos-do-brasil-segundo-a-forbes/) ter um patrimônio de 33 milhões de dólares. 




Mesmo após várias denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público que era enviado para bancos na Suíça, ao ponto do próprio governo suíço ter denunciado, Maluf só foi preso em 2017 com mais de 80 anos de idade e em 2018 sua prisão foi convertida em prisão domiciliar. 

O que quero chamar a atenção aqui é a atenção para como o poder econômico se aproxima do poder político, logo, é uma ilusão compreender que o único poder corrupto é o poder político e que a solução seria destruí-lo, uma vez que a maior parte do corpo político que pertence a grandes econômicos que pretendem manter seu poder ou são financiados por estes grupos econômicos, além disso, na vida em sociedade é impossível viver sem a política, pois seria viver sem leis, sem organização, logo ao invés de destruir a política seria mais viável que mesmo com todos os nossos limites aprendêssemos a lutar por uma política ao menos mais próxima aos nossos interesses, o que se torna muito difícil, porque estes grandes grupos econômicos tem poder para nos convencer que seus interesses são os nossos e até votamos em seus candidatos que tem muito poder pra fazer campanha.

No entanto, embora sejam os grandes grupos econômicos que se aproximam mais do Estado, muitas vezes brigando por seus interesses entre si, seja elegendo seus representantes, seja por meio da corrupção ou da pressão política. O poder do Estado funciona como um jogo, onde há vários jogadores, o que na sociologia geralmente chamamos de atores sociais, brigam ao menos por uma pequena fatia deste poder, por isso surgem os movimentos populares que podem organizar-se em sindicatos, em associações, em movimentos, não importa, mas são pessoas que por sozinhas não conseguirem influenciar o Estado, se unem em prol de seus interesses, formando assim os Movimentos sociais, que nada mais é do que um grupo de pessoas reunidas em torno dos seus interesses.

Nas primeiras aulas contamos parte da história destas lutas populares como a história do arraial de canudos, a guerra do contestado ou as primeiras greves dos trabalhadores.

É preciso ressaltar a importância da luta popular em prol da melhoria de vida das pessoas que não fazem diretamente parte do jogo de poder, pois é através desta luta que se consegue avançar já que uma pequena porção deste poder do Estado seja dirigido a esta população e foi através desta luta que hoje existe os direitos trabalhistas e políticas sociais voltadas para esta população, o que muitas vezes esquecemos, afinal, o jogo pelo poder do Estado é sim um jogo de forças.

 

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